sábado, 28 de abril de 2007

EDITORIAL

"Estoienses! ... novos e mais velhos!..."

Viva a Festa da Pinha! … Viva!...

Quantos de nós não recordamos, com alguma nostalgia, o grito que ano após ano ecoa no ar no dia 2 de Maio?...

São gerações e gerações de “almocreves” e “romeiros” que vêm narrando, à sua maneira, aquilo que faz parte integrante e indissociável do nosso património cultural e local!... Porém, não obstante esta realidade, ninguém poderá afirmar com rigor e concludentemente quando e como iniciou esta efeméride tão popular e carismática e de certa forma eivada de um misticismo religioso e paganista.

Não é nossa intenção descobrir desde logo toda a verdade acerca das origens das Festas da Pinha de Estoi. Isso ficará para mais tarde, quando consigamos ter acesso a toda a documentação que por ventura possa existir acerca disso.

Contudo, porque conhecedores e vivenciando ao longo de muitos anos a realidade das “Pinhas” modernas que poderemos situar a partir dos anos de 1968/69 para cá, com o reinicio das festividades após uma mais que natural abstinência motivada pela terrível guerra colonial, o recordar e historiar, com a maior isenção e imparcialidade possível, alguma coisa que poderemos deixar como testemunho às gerações vindouras.

Versões históricas contadas e passadas de geração em geração aqui são eloquentemente descritas, como cunho próprio de quem as ouviu e transcreveu, completadas com uma descrição ao vivo e no momento, após gravação antes e durante todo o percurso de Estoi/Ludo e regresso apoteótico a Estoi, poderão servir, assim espero, para futuros historiadores desta e doutras Festas Tradicionais para aquilatarem e observarem a reacção espontânea e real que os seus intervenientes denotam ao longo de todo o dia plena e fortemente vivido.

Á minha geração, fiel depositaria do testemunho transportado de seculares gerações de Estoienses, eu dedico o meu despretensioso trabalho, agradecendo a todos aqueles que aqui irão deixando o seu testemunho e aqueles de que me socorri para complementar fotograficamente a apaixonada descrição vivida neste ano de 1994.

Estoienses!
Novos e mais idosos!
A Festa da Pinha de Estoi está-nos no sangue.

Essa juventude que aqui vos irei mostrar como realmente é, saberá agarrar e adaptar às novas realidades que iremos viver, como preservar tão gratificante tradição que jamais queremos ver morrer.

A ela dedico o meu trabalho.

Viva a Pinha!...
(Joaquim Aleixo)
(2 de Maio de 1994)

quarta-feira, 25 de abril de 2007

FESTA DA PINHA DOS PEQUENINOS

Posted by Picasa"Memorial à Pinha"

Decorreu hoje, a "Festa da Pinha dos mais pequenos" que contou com muita animação e a ajuda da Banda da Associação Filarmonica de Faro. No decorrer da festa foi inaugurado um memorial á Pinha, com um painel de azulejos no qual estão pintadas imagens alusivas a esta festa popular de Estoi.
JJ Rodrigues

terça-feira, 24 de abril de 2007

VIVA A PINHA



Tttccchhhhheeeeee...
Tcchhhhheee…
Pum…Pum…Pum…
Trá, tá tá, trá, tá táa…
Tcheeeeeeee…
Pum!... Pum!... Pum!...

Agachou-se a velhota num repente
Deu um traque violento e altaneiro
Foi um êxtase! Um ardor, um bafo quente
Foi a fuga, esquecendo o seu traseiro…

“Ai Jesus! Valha-me Deus que me borrei…
Ah malvados! Estou desfeita em porcaria…
Vão p´rá Pinha, vão, vão, eu bem o sei
E p´rá bebedeira aí vai tudo em romaria”.

E lá foi num passinho miudinho
Pé ante pé… Era um pivete!...
Passa a cavalo, o Manel e o Branquinho
M´ai-lo Simão e um dos filhos do Cadete.

Um a um os tractores vão chegando
Parecem andores! Quão formosos eles vão!...
Há música a rodos, já cantando vão dançando
Viva a Pinha, p´ra Ludo é um esticão.

Pampilhos ornamentais,
Papoilas, malvas e rosas,
Palmeiras vergadas dão ais
Jaquetas e cintas Formosas.

Uma mãe embevecida
Aconselha o seu filhote:
“Não te metas na bebida
Cavalga bem, vai a trote”.

Flash´s disparam sem fim
Os vídeos são novidade,
“Põe-te aqui ao pé de mim
És quási da minha idade!...”

Viva a Pinha! Viva a Pinha!

O grito ecoa mais forte
O frenesim é maior
O cortejo vai partir
O povo aplaude a sorrir.

O Zé António Piáó desfila garboso
Com a sua irreverência
Um ar jovial e jocoso
Arranca palmas da assistência…

“Um a um, todos à Pinha,
São já horas de partir…”
Na Escola a malta se alinha
Dá vivas, grita a sorrir.

O cortejo já lá vai
Cavalos vão imponentes
No seu fino galopar
Em cima “romeiros” contentes

A outras terras vão chegar…
Vem o povo para a rua
Admirar o cortejo
Esta festa é também tua

Bom regresso é um desejo…
Palmas, flores e vivas

Juventude hilariante
Meninas bem humoradas
Dão um charme cativante
Quais finas mouras encantadas.

A longa fila se estende
No sinuoso alcatrão
Há gente que se surpreende
E julga ser ilusão…

É Maio, são flores, é Primavera!...
É o calor do sol que nos aquece
É uma mística que de nós se apodera
Se tristeza existe, ela esvanece.

Paganismo!?... Fé!?... Tradição!?...
Qual a resposta certinha!?...
A todos os que ali vão
Vão à Festa, vão à Pinha.

Na estrada, mais burburinho
O turista se questiona!?...
Pára mesmo o seu carrinho
Sai p´ra fora uma “camona”.

“What is this???...
How many flowers!?... Ahhh!!!
And the horseman´s… Oooohhh!!!
It´s beautiful…
Please, please!... A photo please!!!...”
“Sim filhaaaa, na deslizes, ah, ah, ah!!!
Tirá´qui uma… Ah camona!...
És cá uma boazona!...”

É a 125, o perigo nos vem sondar
Um a um, todo o cortejo respeita
Não à ida, mas na volta, ao regressar.
Quando os copos, o balão por nós espreita,
Que a multa, essa agora é à´viar…

Ludo, qual Paraíso,
Ilhéu de amores floridos
Cada qual no seu juízo
Sentam os cus já doídos.

A ordem é comer e beber,
Distribuir a preceito,
Quem lá vai, só para ver…
Arranja angina de peito!...

Sardinha assada, fresquinha,
P´lo Viterbo, “xota –xota”…
Assada na brasa, quentinha…
Senhora fina!... Até arrota!...

Caracóis e carne assada
É tudo à descrição.
Há mesas, toalha lavada,
Coma de pé ou no chão.

Cerveja correndo a rodos
Vinhos caseiros são muitos,
Verdes, maduros, de todos,
Chouriços, até presuntos!...

Abarcas, também as há,
Do mais pequeno ao graúdo,
Há café, até há chá,
Há de tudo aqui em Ludo.

Bem comidos, melhor bebidos
Os “romeiros” se exercitam
Alguns, os mais atrevidos…
Por vezes… Até se excitam!...

O convite ali à mão…
Na seda, daquele decote!...
Um homem não é cabrão,
Nem maricas, nem pixote!...

“Há que grande sacaneira,
Vejam o c´o velhote lhe fez!...
Ca puta da brincadeira,
Rasgou a blusa à Inês!…”

Os mirones, estão pasmados
De tamanha algarviada,
Canta-se a canção e o fado
Vozes roucas e afinadas.

Quão depressa o tempo passa
Quando se está a gozar…
Na Festa, com gente de raça
São já horas d´abalar.

Os corpos serpenteando
A caminho dos muares
Por vezes, não os achando,
Outros vêem, mas aos pares!!!...

“Toca a subir m´nha gente,
P´ra Estoi é nossa missão
Santa Bárbara p´la frente
Chega a Banda e o foguetão.

Organizado o cortejo,
Ludo, ficou lá atrás,
Meus olhos, eu já nem vejo,
A cabeça se desfaz!...

Viva a Pinha!
Viva a Pinha!
Viva a Pinha cacete!!!

Vá mais uma bem fresquinha
Estoira no ar um foguete.
Pum! Pum! Pum!...
Catrapum, pum, pum,
Só mais um!!!...

Viva a Pinha!
Viva a Festa da Pinha!...
Viva a Pinha!...

Na estrada é a alegria
Juventude em movimento
P´la manhã, quem diria
Ver o Simão embirrento!...

O Virgílio, o Deputado,
Das vastas terras da Areia,
Com o trânsito está marafado
“Ah sê cabrão duma cheia…”

Movimento, movimento,
Mulas de freio nas ventas,
São um suplício, um tormento!
“Quais travões! Vê tu se aguentas!...”

Bom, o pior já passou!...
E Santa Bárbara é ali
P´ra alguns a Festa acabou
P´ra outros aperta o xi-xi…

Novo magote se agita
No Rossio da “machadinha”
É todo um povo que grita
“Viva a Pinha” Viva a Pinha!...”

A Banda está treinando
Sob a batuta do Latas,
Vão tocando mas olhando
P´ra trás, focinhos e patas.

Tudo ajuda na ladeira
O treino foi proveitoso
Porque em Estoi a brincadeira
P´ra alguns é bem espinhoso.

“É tarde, é tarde, maltinha,
Vamos chegar atrasados,
Viva a Pinha! Viva a Pinha!
Ah! Copos! Ah seus malvados!...”

Descida com puro sangue
Mistura de alcoolémia
“Queira Deus eu não me zangue...”
O Coiro da Burra nos espera
O cortejo vai chegar
O Povo não desespera
A Festa vai continuar.

Archotes, são disputados,
Distribuídos à medida,
“Quero os carros iluminados
Mal se inicie a subida.”

“Sim, Sô Presedente,
Assim memo é q´ué falari,
O ano passado fique doente
Na vi d´nhum pus-me a olhari.”

Banda garbosa e nervosa
É da Pinha tradição
Aquela subida espinhosa
Deixa marcas, pois então…

Puuuum!...
É a partida!...

O carrossel já partiu!...
Ordeiro e compenetrado
Cada actor cumpre e cumpriu
O seu papel, sem ser forçado.

Que lindo! Que majestoso!...
Que imponente cortejo!...
P´ra Estoi estou ansioso
Cumprir enfim meu desejo.

Viva a Pinha! Viva a Pinha!
Viva a Festa da Pinha!...

À malta do caneco
Como aguentam essas gargantas
Vai mais um, outro boneco,
Flash´s na noite! – Que mantas!...

“Na veio a tlevesão?!...
Virá no Telejornal!?...
Os cabrões nunca cá estão,
Mas que merda é esta afinal!?...”

Viva a Pinha! Viva a Pinha!
Viva a Festa da Pinha!...

Varandas, estão apinhadas,
Palmas e vivas s´escutam,
Crianças, estão pasmadas
Os velhos, até exultam…

Viva a Festa da Pinha!!!

Respondem os forasteiros
De vídeos bem apontados,
Seus filmes são pioneiros
De feitos por nós glosados.

Eis o Largo da Igreja!...
Que majestoso cenário!...
Quem não viu, é bom que veja
Quão belo e imaginário!...

Cavaleiros, romeiros altivos,
Nas carroças, o sangue fervilha,
Tractores repletos, garridos,
Viva a Pinha! Viva a Pinha!...

Quase na ponta final,
No Jardim, novo fulgor,
Todos vêem, bem ou mal,
Aquele fogo, aquele ardor!...

Viva a Pinha! Viva a Pinha!...
Viva a Festa da Pinha!...

E estamos chegando ao fim,
No Cruzeiro, ao Pé da Cruz,
Palmeiras, flores, alecrim,
Fogueira imensa de luz!...

Está contado o que vi
Nesta Festa bem amada
Da aldeia onde vivi
Por mim jamais olvidada.

Joaquim Aleixo
(Acabei o meu poema
2:15 da madrugada…)
(Faro, 2 de Maio de 1989)

A MENSAGEM DE UM ESTOIENSE

"Romeiro ou Almocreve..."
Com a devida ajuda do meu filho Nelson, vou passar-te o meu poema dedicado à minha e nossa tradicional Festa da Pinha, que faz parte integrante da minha publicação escrita, recolhida com a máxima fidelidade e gravada ao vivo no ano de 1994.
Este poema, poesia livre, ganhou os Jogos Florais desse ano, por unanimidade do Júri de selecção, o que me dá enorme prazer e gosto, poder divulgar mais profusamente e dedicar a todos os "almocreves" e "romeiros" tradicionalistas e defensores da secular tradição.
A mensagem que deixo aos mais jovens e que ainda pouco conhecimento possuem da Festa da Pinha é a de continuar a manter a tradição, se possível não deteriorando as suas raízes, vestindo um traje simples ou mais imponente mas de homenagem ao homem rural, do Algarve, de Estoi e arredores que saídos com os produtos da terra, nos seus muares, subiam Serra do Caldeirão acima em direcção ao Alto Alentejo e Beiras interiores, trocando e comercializando os produtos da região, figo, amêndoa, alfarroba, peixe seco, sal e outros e trazendo em troca produtos ou dinheiros que comercializavam.
A viagem, longa e perigosa, levava-os até Ludo, onde os seus patrões recebiam os proventos conseguidos e colocavam vinho e comida para comerem farta e abundantemente. Depois de bem comidos e melhor bebidos, seguiam rumo a suas terras, Estoi em especial, sendo aí esperados por suas famílias e amigos, que os aplaudiam e de novo os festejavam com comidas e bebidas que colocavam nas ruas depassagem.
Não havendo nesse tempo elecricidade, a entrada era preenchida com archotes acesos que também serviam para afugentar os lobos que os perseguiam na dura e longa viagem.
"Almocreves" porque era essa a sua profissão e frente ao cruzeiro da Srª doPé da Cruz, depositavam alecrim em honra da padroeira.
Estavam organizados em Confrarias e o nome de Pinha poderá advir dos pinheiros onde acampavam e das pinhas que traziam para as fogueiras, havendo outras versões como o devir em "pinha" em "pinhoca" um aglomerado de pessoas, que se juntavam em"pinha" para melhor se defenderem dos ataques dos lobos famintos.
A lenda é lenda e poucas publicações existem que esclareçam, mesmo a Monografia de Estoi de Ataíde de Oliveira é omissa no assunto desta festa que tem vindo a ser prosseguida por gerações e gerações de Estoienses.
Eu e alguns entusiastas de Estoi, somos oriundos dos finais da guerra de África, tendor e tomado a festa após 5, 6 anos de paragem no ano de 1968 e tendo chegado até aqui com toda a pujança e cada vez maior participação.
O que mais me desagrada não é ver milhares e milhares de pessoas a assistir ao cortejo de ida e de volta, é sim o "abandalhamento" que alguns "pseudo-almocreves" têm vindo a adoptar, sem qualquer rigor cultural e didáctico, desrespeitando os trajes simples e usuais, a saber:
-Botas do campo, calça de cotim, sarja, surrubeco, linho ou algodão, as actuais gangas é uma solução moderna, cinta preta ou vermelha por cima de camisa de linho ou algodão de cor branca, colete preto, castanho ou cinzento, um lenço garrido ao pescoço e chapéu de feltro à montanheiro, se possível ornamentado por cravos, rosas, malvas ou malmequeres (pampilhos). Não são chapéus de cabedal, de cow-boy e de palhaque lhe dão aquele toque sublime.
Hoje, pela profusão de cavaleiros e amazonas presentes no dia 2 de Maio, é usual a compra de fatiotas de alto gabarito e de excepcional qualidade e visibilidade.
Aceita-se, embora os"almocreves" não seguissem para as suas jornadas tão bem "aperaltados"!...
Por outro lado, a imagem que é dada para o exterior por dezenas de tractores engalanados a rigor e algumas charretes ou carroças que ainda se atiram à jornada, é fortemente prejudicada por individuos que sem qualquer respeito pelas regras e tradições, se sentam sobre os motores de tractores, sem qualquer adereço festivo, uma ou outra palmeira por vezes arrojando pelo chão, de camisas abertas, chapéus de "marroquinos" ou cow-boys, de cerveja ou garrafão empunhado ao ar, tremendamente embriagados e que conferem à Festa da Pinha aquele sinal que os seus defensores acérrimos de todo repudiam, de tal forma isso é assim que já ouvi de um responsável da nossa G.N.R. afirmar na nossa presença, que aquilo da Festa da Pinha é a "festa dos bêbados"... Lamentável!
Já agora, ninguém defende que as garrafas de cerveja sejam partidas no alcatrão assim que são consumidas, como não somos defensores do "roubo de flores" para ornamentar as viaturas, como alguns julgam ser "tradição".
Viva a Pinha! Viva a Festa da Pinha!
É este o grito que mais gosto de ouvire que gritarei até que as forças e a cabeça mo permitam fazer.
A tradição manda ir à Pinha e repartir no Ludo os petiscos e as bebidas que cada um tem orgulho em apresentar, junto aos caracóis às sardinhas assadas no braseiro, ao borrego cheiroso e apelativo ao folar de Estoi e aos rissóis da "Manelinha" patrona da Rádio Simão, emissora oficial da nossa tradicuonalFesta da Pinha.
Viva a Pinha - Viva a Pinha cacete!
(Joaquim Aleixo)

sábado, 21 de abril de 2007

PINHA



"Ah Pinha! És tão minha..."

É DIA FERIADO EM ESTOI
O DIA DE TODOS OS ESTOIENSES
O DIA DE TODAS AS ALEGRIAS
O DIA MAIS DESEJADO.
E VIVA A PINHA!
VIVA A PINHA!
A FESTA CONTAGIOU
TODA A FAMILIA ESTOIENSE
E FICOU
PARA SEMPRE
PARA SEMPRE
ETERNAMENTE
MUITOS QUE MUITO FIZERAM
PARA A VITORIA DA EXISTÊNCIA
DA PERSISTÊNCIA
DA CONTINUIDADE
A NOSSA SAUDADE!
É VERDADE!
A ESSES, A HOMENAGEM
SENTIDA E NATURAL
DE TODOS OS "ALMOCREVES "
DE HOJE, DE SEMPRE,
OS "ROMEIROS"
INTRÉPIDOS E AVENTUROSOS
QUE FAZEM A HISTORIA
DA PINHA
DA NOSSA MEMORIA COLECTIVA
IMEMORIAL!
SECULAR!
ETERNA!...
O FACTO HISTORICO
CULTURAL
QUE SE REVIVE
REVIGORA
REJUVENESCE
ANO APÓS ANO.
É CERTO QUE A PINHA ESTÁ MUDANDO,
MAS, AS SOCIEDADES EVOLUEM
CADA ANO
APROXIMANDO OU AFASTANDO
AS PESSOAS
QUE SÃO GENTE!
NESTE DIA
NA SUA TERRA
NA SUA ALDEIA
NA SUA FESTA
VIVA A PINHA!
VIVA A PINHA!
É O GRITO QUE MAIS SE OUVE
NESTE DIA
VOZES ROUCAS
CAVERNOSAS,
VOZES FINAS,
DE MENINAS!
DE GAROTADA HILARIANTE E GARBOSA
QUE SE REVÊ NA SUA FESTA
NA SUA PINHA!
IMITAÇÃO?
CÓPIA? DE QUÊ?
COM QUEM?!
SOMOS ORIGINAIS
NATURAIS
IMORTAIS
SOMOS "ROMEIROS"
SOMOS "ALMOCREVES "
SOMOS DE ESTOI
VIVA A PINHAAA!
VIVA A PINHA CACETE!
A ALDEIA FICA MAIS BELA
O CASARIO BRANCO SUJO
COMO QUE RI NESTE DIA!
AS ANDORINHAS TRINAM
MAIS ESTRIDENTES!
É O HINO À PRIMAVERA
DE ESTOI!
TUDO ACORDA PARA A PINHA!
TUDO LEVAM NESTA FESTA!
PARA REPARTIR
PARA DIVERTIR...
PARA VIVER E SORRIR.
TRAJES PASSADOS
CHAPÉUS MONTANHEIROS
ROUPAGENS DIVERSAS
COLORIDAS
DESBOTADAS
AO GOSTO DO GOSTO
SEM REGRAS PRECISAS
SEM NORMAS
SEM RIGOR
MAS SEMPRE
COM FERVOR, COM AMOR!
É A PINHA MAJESTOSA
IMPONENTE
COM SUAS CARROÇAS
RESISTENTES
TENTANDO
TEIMANDO, ANO APÓS ANO
SOBREVIVER
AO TRACTOR
QUAL ANDOR!
CADA QUAL SUA FLOR!
CAVALOS SÃO ÁS DEZENAS
ALTIVOS!
SUBLIMES!
COM SEUS APETRECHOS
E ARREIOS COM ENFEITES
NUM TROPEL RITMADO
RELICHAM FELIZES
É TAMBÉM O SEU DIA!...
CORTEJO DE SONHO
DE FLASHES SEM FIM
AO LONGO DA ESTRADA
A LUDO VÃO TER
AÍ, TUDO É BELO!
CONVIVIO FRATERNO
QUE NÃO SABE A IDADE
BEBEM-SE VINHOS
MADUROS E VERDES
CASEIROS OU NÃO
CANTA-SE UM FADO
OU MESMO CANÇÃO
ABRAÇOS EXPONTANEOS
ENTRE NOVOS E VELHOS
MENINAS E TUDO
VÃO BEIJAR A POEIRA
HA BAILES, ABRAÇOS,
HA FUMO!
HA ASNEIRA...
FIGURAS SIMPLORIAS
COM GENTE MAIS FINA
E LETRADA
ALI, LADO A LADO
CONVIVEM SORRINDO
MAIS TARDE, NA ESTRADA
ALGUNS MAIS AFLITOS
LÁ FICAM DORMINDO
CURTINDO COM A BRISA
QUE FUSTIGA NA TARDE
ESPERANDO TALVEZ
QUE EM ESTOI
DE NOVO ACORDADOS
MAIS FORTES PARA O GRITO
UNISSONO E GERAL
VIVA A PINHA!
VIVA A FESTA DA PINHA!
CENTENAS, MILHARES...
APOIAM A SUBIDA
EM SANTA BARBARA PRIMEIRO
PARA ATESTAR COM MAIS UMA
DEPOIS O ARCHOTE
A ACENDER O BRASEIRO
DA GLORIA SUPREMA
DA ENTRADA EM ESTOI
AO CAIR DA NOITE
OS "OSCARES "AÍ VÃO
PREMIAR A VITORIA COLECTIVA
"EX-AEQUO "
DA CONTINUIDADE
DA NOSSA EMOÇÃO
FEITA TRADIÇÃO
VIVA A PINHA!
VIVA A FESTA DA PINHA!
E TODOS RESPONDEM
COM OLHOS DE ESPANTO!
O ENORME E SERPENTEANTE CORTEJO
É TODO UM ENCANTO!...
PUM, CATRAPUM, PUM, PUM...
TA, RA-TRA-TA-TA TCHIM...
FOGUETES E MUSICA
MUSICA E FOGUETES
ECOAM NO AR...
EM ESTOI É O CLIMAX
É A PINHA
É A FESTA QUE VEIO
MAS QUE VEIO, PRA FICAR
PARA SEMPRE...
SEMPRE
SEMPRE
ETERNAMENTE !
(Escrito por Joaquim Aleixo-jogos florais 1993)